A Revista Raça completou 25 anos. E apesar de termos a dimensão da importância da Revista, poder ouvir o Mauricio Pestana contar sobre a história, desafios e conquistas foram momentos de muito aprendizado pra todes. Para nós, pessoas negras, também de pertencimento, sentimento, infelizmente, raro.
 
É uma revista (mais que uma revista!) que, já nos anos 90, colocava pessoas negras na capa como protagonistas de uma narrativa diferente daquelas que elas estavam acostumadas a se verem. Raça trazia a vanguarda, a beleza, o sucesso, o afeto, a inteligência, o poder de inovação e a tecnologia. Tudo que era socialmente negado de reconhecimento.
O sociólogo Clóvis Moura, no livro Sociologia do Negro Brasileiro, cita a Revista Raça em diversas partes do livro, se referindo ao veículo como um instrumento de emancipação que contribui com o entendimento coletivo de que novas possibilidades eram possíveis. Este livro é um das maiores obras sobre questões raciais do Brasil, pesquisado pelo mundo todo.

No entanto, nada disso surgiu nos últimos 25 anos. Socialmente falando, Raça é fruto de uma estratégia de resistência de séculos. Um povo que herda o respeito pelos que vieram antes e re(existe) porque muitos lá atrás abriram os caminhos.. Por isso, o Sankofa,  um antigo conceito africano, nos norteia neste trabalho: retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.  O Pan-africanismo (popularizado e defendido por aqui por Abdias Nascimento), inspira as cores. O movimento que nasceu nos anos 60, propunha unir os povos do continente africano e de países da Diáspora para lutar contra a narrativa de sofrimento e carência imposta pelo colonialismo. E não é exatamente isso que a Revista Raça faz? 

O futuro já estava sendo escrito.  E continua. E continuará, ao passo que conseguimos mostrar ao mundo a força e a inovação das nossas ideias. E a Revista Raça estará registrando, fomentando, desenvolvendo e protagonizando toda a história. Afinal de contas, o pássaro que olha pra trás  pra entender de onde veio, nunca perde o rumo. Vida longa à Raça!

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